São Paulo, 30 de outubro de 2012
Jovem é assassinada e
tem o corpo esquartejado
Tal
qual rastilho de pólvora, a notícia se espalhou logo cedo. Passava pouco das 6
horas, quando moradores do Edifício Vesúvio foram acordados pelo grito do
porteiro, que pedia socorro. Quem chegava ao apartamento 425 se deparava com
uma cena trágica. No chão de um dos quartos, o corpo tombado, inerte. Parte
dele, melhor dizendo.
Não
tinha quem suportasse a cena e que ficava por muito tempo no local. Uma mulher,
de mais ou menos 24 anos, cabelos longos e pele alva, jazia caída, vítima,
muito provavelmente, de algum insano, que não satisfeito em matá-la, desfigurando-a,
esquartejou-a. Pela forma como as partes foram encontradas, provavelmente ele
não teve tempo de terminar o serviço e saiu apressado. Tanto, que deixou na
cena do crime a faca usada para matar a vítima, e que era recolhida pelos
policiais que acabaram de chegar ao local, como prova.
O
porteiro, Gerson Soares, muito abalado, era ouvido pelos policiais, que apesar
de acostumados a lidar com crimes, nunca tinham visto algo parecido. Ele contou
aos policiais que a vítima se chamava Helena Capri, era enfermeira, solteira e morava
sozinha. De vez em quando trazia alguém para o apartamento, mas nada que
desabonasse a sua conduta. Gerson explicou aos policiais que há dois dias
sentira falta da moradora e que naquele dia resolveu usar a chave reserva para ver
se algo teria acontecido, já que não vira Helena sair. Ao abriu o apartamento
deu de cara com a cena trágica, o que o fez sair imediatamente em busca de
ajuda. “Era moça boa senhor policial, cumprimentava a todos do prédio e nunca
destratou ninguém. Também não era de ficar conversando com os vizinhos, a não
ser com o senhor Pedro, um senhor de 54 anos, morador do andar de cima”.
Este
passava a ser suspeito, já que o porteiro não viu ninguém sair pela guarita e
as câmeras de segurança nada de anormal apontavam, a não ser o vai-e-vem de
funcionários, nas primeiras horas da lida diária. Sobre a cama de Helena,
apenas a roupa de dormir, o que apontava que estava prestes a se deitar quando
foi atacada.
Enquanto
os policiais saíram à procura do senhor Pedro, o apartamento foi invadido por
jornalistas, que na ânsia de flagrar o melhor ângulo, o melhor lance, mexeram
na cena do crime, o que fez o delegado Airton Malvino blasfemar. “Vocês não têm
limite mesmo”, disse ele, que mal se dera conta da carta sobre o criado-mudo e
que se não fosse uma das repórteres presentes, poderia demorar para achar.
Ele
tomou-a das mãos da profissional e nos poucos rabiscos que identificou,
percebeu que Helena teria escrito o nome do seu assassino, pouco antes de
morrer, provavelmente sem desconfiar que isso pudesse lhe acontecer. Fausto
Negrini Neto, o homem a quem amara tanto, decidiu ficar com a família e por
isso, num outro bilhete encontrado também no local do crime, a ameaçava de
morte caso revelasse a alguém o caso de amor. A polícia tinha muito trabalho
pela frente e deixava para trás, para o Instituto Médico Legal, a incumbência
de tentar explicar o que acontecera naquele quarto, em 24 horas. A única
certeza era de que se tratava de um crime de amor; provavelmente muito mais por
parte da vítima, que seu assassino.
Gisely Migliari Barbosa (Notícia do jornal)
Ficou como uma página de um bom livro!
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