segunda-feira, 5 de novembro de 2012


São Paulo, 30 de outubro de 2012

Jovem é assassinada e tem o corpo esquartejado
 
Tal qual rastilho de pólvora, a notícia se espalhou logo cedo. Passava pouco das 6 horas, quando moradores do Edifício Vesúvio foram acordados pelo grito do porteiro, que pedia socorro. Quem chegava ao apartamento 425 se deparava com uma cena trágica. No chão de um dos quartos, o corpo tombado, inerte. Parte dele, melhor dizendo.
Não tinha quem suportasse a cena e que ficava por muito tempo no local. Uma mulher, de mais ou menos 24 anos, cabelos longos e pele alva, jazia caída, vítima, muito provavelmente, de algum insano, que não satisfeito em matá-la, desfigurando-a, esquartejou-a. Pela forma como as partes foram encontradas, provavelmente ele não teve tempo de terminar o serviço e saiu apressado. Tanto, que deixou na cena do crime a faca usada para matar a vítima, e que era recolhida pelos policiais que acabaram de chegar ao local, como prova.
O porteiro, Gerson Soares, muito abalado, era ouvido pelos policiais, que apesar de acostumados a lidar com crimes, nunca tinham visto algo parecido. Ele contou aos policiais que a vítima se chamava Helena Capri, era enfermeira, solteira e morava sozinha. De vez em quando trazia alguém para o apartamento, mas nada que desabonasse a sua conduta. Gerson explicou aos policiais que há dois dias sentira falta da moradora e que naquele dia resolveu usar a chave reserva para ver se algo teria acontecido, já que não vira Helena sair. Ao abriu o apartamento deu de cara com a cena trágica, o que o fez sair imediatamente em busca de ajuda. “Era moça boa senhor policial, cumprimentava a todos do prédio e nunca destratou ninguém. Também não era de ficar conversando com os vizinhos, a não ser com o senhor Pedro, um senhor de 54 anos, morador do andar de cima”.
Este passava a ser suspeito, já que o porteiro não viu ninguém sair pela guarita e as câmeras de segurança nada de anormal apontavam, a não ser o vai-e-vem de funcionários, nas primeiras horas da lida diária. Sobre a cama de Helena, apenas a roupa de dormir, o que apontava que estava prestes a se deitar quando foi atacada.
Enquanto os policiais saíram à procura do senhor Pedro, o apartamento foi invadido por jornalistas, que na ânsia de flagrar o melhor ângulo, o melhor lance, mexeram na cena do crime, o que fez o delegado Airton Malvino blasfemar. “Vocês não têm limite mesmo”, disse ele, que mal se dera conta da carta sobre o criado-mudo e que se não fosse uma das repórteres presentes, poderia demorar para achar.
Ele tomou-a das mãos da profissional e nos poucos rabiscos que identificou, percebeu que Helena teria escrito o nome do seu assassino, pouco antes de morrer, provavelmente sem desconfiar que isso pudesse lhe acontecer. Fausto Negrini Neto, o homem a quem amara tanto, decidiu ficar com a família e por isso, num outro bilhete encontrado também no local do crime, a ameaçava de morte caso revelasse a alguém o caso de amor. A polícia tinha muito trabalho pela frente e deixava para trás, para o Instituto Médico Legal, a incumbência de tentar explicar o que acontecera naquele quarto, em 24 horas. A única certeza era de que se tratava de um crime de amor; provavelmente muito mais por parte da vítima, que seu assassino.

Gisely Migliari Barbosa (Notícia do jornal)

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